Síndrome dos Ovários Poliquisticos
De Cristina, a 28 de Maio de 2008 às 13:44
Boa tarde,
Chamo me cristiana tenho 24 anos estou a tentar engravidar e nao consigo, suspeio, junto com a minha medica que tenho sindrome dos ovarios policisticos devido aos sintomas mas tenho muito pouca informaçao sofre o assunto, poderia me esclarecer melhor.
obrigado
Foto in: http://www.lojinhadacrianca.com.br/img_guia/ovario_poli.jpg
Boa Tarde Cristina,
A Síndrome dos Ovários Poliquísticos (SOP) é uma doença endócrina complexa, que tem como elementos principais hiperandrogenismo e anovulação crónica.
Caracteriza-se por irregularidade menstrual ou amenorréia e uma ampla gama de achados decorrentes do hiperandrogenismo: hirsutismo, acne, alopécia e seborréia. Representa uma das desordens endócrinas reprodutivas mais comuns em mulheres, acometendo em torno de 5% a 10% da população feminina em idade fértil.
Diagnóstico da SOP:
O diagnóstico da SOP é de exclusão. A suspeita fundamenta-se em irregularidade menstrual e sinais de hiperandrogenismo: hirsutismo, acne, aumento das concentrações séricas de testosterona total, livre ou de androstenediona.
As Concentrações séricas de LH geralmente encontram-se elevados e de FSH normais ou baixos, embora 20% a 40% destas pacientes não apresentem estes achados, sendo as determinações de LH e FSH prescindíveis. A maioria das mulheres com SOP apresentam aumento da resistência à insulina e hiperinsulinemia compensatória, sendo que a determinação laboratorial da resistência à insulina não é essencial para o diagnóstico na prática clínica.
Níveis séricos de prolactina e TSH são fundamentais para exclusão do diagnóstico de hiperprolactinemia ou hipotireoidismo. Níveis elevados de prolactina estão presentes em até 35% dos casos de SOP. É importante o diagnóstico da hiperplasia supra-renal congénita de instalação tardia, cujo quadro clínico pode ser indistinguível ao da SOP.
Tratamento de sinais e sintomas do hiperandrogenismo
Hirsutismo e acne
• Contracepção hormonal oral: acetato de ciproterona, desogestrel, gestodeno;
• Espironolactona 50-200mg/dia;
• Acetato de ciproterona 50mg/dia com o esquema sequencial reverso;
• Acne grave, encaminhar para tratamento especializado com o dermatologista;
• Flutamida 250mg/dia;
• Finasterida 5mg/dia;
• Cetoconazol e Glitazonas: efeitos colaterais limitam seu uso em larga escala;
Irregularidade menstrual
• Contraceptivos hormonais orais acima citados;
• Progestínicos na segunda fase do ciclo;
• ß níveis de insulina. Metformina é a droga mais estudada, 1500 a 2000mg/dia.
Controle do Peso
A perda de peso é capaz de reverter os sinais e sintomas advindos do hiperandrogenismo.
Tratamento da infertilidade
Nas formas mais leves, a mulher afectada pode não ter anormalidade menstrual e pode ovular normalmente, mas frequentemente demora mais tempo do que o normal para engravidar e apresenta uma maior probabilidade de aborto espontâneo.
Se tem caracterização moderada, há irregularidade menstrual, tais como Oligomenorreia ou amenorreia secundária e deficiência de ovulação.
A forma mais grave é caracterizada por obesidade, hirsutismo, amenorreia e consequente infertilidade.
Dieta e exercícios físicos representam o tratamento de primeira linha, melhorando a resistência à insulina e retorno dos ciclos ovulatórios, mesmo na ausência de perda de peso. A droga de escolha para indução da ovulação em pacientes com SOP é o citrato de clomifeno (CC), 50 a 200 mg/dia durante cinco dias, a partir do 3º, 4º ou 5º dia do ciclo. Cerca de 50% a 80% das pacientes apresentam ovulação e 40% a 50% engravidam. Pacientes com SOP resistentes ao CC podem utilizar drogas que diminuem os níveis de insulina, isoladas ou em associação ao CC. A utilização isolada da metformina (1500mg/dia a 2000mg/dia) promove a ovulação em 78% a 96% das pacientes. Pacientes com níveis elevados de DHEAS são mais resistentes ao CC e podem beneficiar-se da administração de corticóide.
Se a concepção não ocorreu após uma tentativa de seis meses de clomifeno, uma tentativa de terapêutica com gonadotrofina pode ser iniciada, algumas vezes em combinação com um análogo de GnRH com o fim de bloquear a secreção de LH e, assim, reduzir o risco de aborto.
Precisa ser usado com grande cautela nestes pacientes, já que estas pacientes são muito susceptíveis ao desenvolvimento do síndrome de hiperestimulação ovárica, e também porque a mesma dose de gonadotrofina pode induzir uma resposta muito diferente em ciclos diferentes.
A fertilização in vitro (FIV) pode ser utilizada nos casos em que a estimulação ovariana foi exagerada, com o objectivo de evitar o cancelamento do ciclo. Pacientes com SOP parecem ter maior risco de aborto após FIV.
A mudança de hábito de vida, por meio da reeducação alimentar e exercício físico, consiste no tratamento de primeira linha. A perda de peso resultante favorecerá a queda dos androgénios circulantes, melhorando o perfil lipídico e diminuindo a resistência periférica à insulina; dessa forma, contribuirá para o decréscimo no risco de aterosclerose, diabetes e regularização da função ovulatória. A prescrição de contraceptivos hormonais orais de baixa dose, por sua vez, propiciarão o controle da irregularidade menstrual e redução do risco de cancro do endométrio.
Obrigada.